A História do
Pensamento Geográfico é um ramo da disciplina geográfica, onde se
estuda os postulados, pensamentos e correntes dos autores que contribuíram para
a sistematização da geografia como disciplina acadêmica no Século XIX.
Sistematização
Iniciada com os gregos, os quais
foram a primeira cultura conhecida a explorar ativamente a Geografia como ciência e filosofia, sendos os
maiores contribuintes Tales de Mileto,Heródoto, Eratóstenes, Hiparco, Aristóteles, Estrabão e Ptolomeu. A cartografia feita pelos romanos, à medida que exploravam novas terras,
incluía novas técnicas. O périplo era uma delas, uma descrição dos portos e
escalas que um marinheiro experimentado poderia encontrar ao longo da costa;
dois exemplos que sobreviveram até hoje são o périplo docartaginês Hanão
o Navegador e um périplo do mar eritreu, que
descreve as costas do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico.
Durante a Idade Média, Árabes como Edrisi, Ibn Battuta e Ibn Khaldun aprofundaram e mantiveram os antigos conhecimentos gregos. As viagens de Marco Polo espalharam pelaEuropa o interesse pela Geografia. Durante a Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de exploração
reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de informação mais
detalhada. A Geographia Generalis de Bernardo Varenius e o mapa-múndi de Gerardo Mercator são exemplos importantes.
Durante o século XIX - especialmente a partir de 1870 -, a Geografia foi sendo discretamente
reconhecida como disciplina e se tornou parte dos currículos universitários. Ao
longo dos últimos dois séculos, a quantidade de conhecimento e o número de
instrumentos aumentou enormemente. Há fortes laços entre a Geografia, a Geologia e a Botânica.
No Ocidente, durante os
séculos XIX e XX, a disciplina geográfica passou por quatro
fases importantes: determinismo geográfico, geografia regional, revolução quantitativae geografia radical.
O determinismo geográfico defendia que as
características dos povos se devem à influência do meio natural. Deterministas proeminentes foram Karl Ritter, Ellen
Churchill Semplee Ellsworth
Huntington. Hipóteses populares
como a de que "o calor torna os habitantes dos trópicos preguiçosos"
e "mudanças frequentes na pressão barométrica tornam os habitantes das latitudes médias mais inteligentes" eram assim defendidas e fundamentadas. Os
geógrafos deterministas tentaram estudar cientificamente a importância de tais
influências. Nos anos 1930, esta
escola de pensamento foi largamente repudiada por lhe faltarem bases
sustentáveis e por ser propensa (frequentemente intolerante) a generalizações.
O determinismo ambiental,
impropriamente chamado determinismo geográfico constitui um embaraço para muitos geógrafos contemporâneos e leva ao
ceticismo sobre aqueles que defendem a influência do meio na cultura (como as
teorias de Jared Diamond).
Porém, o determinismo foi um reducionismo
do pensamento do geógrafo Friedrich Ratzel, o
qual dizia que o meio influencia a história humana na medida em que pode
oferecer mais ou menos acesso aos recursos naturais, mas não que determina o
comportamento dos homens. Os autores deterministas foram criticados pelo
geógrafo Vidal
de La Blachee outros representantes do possibilismo, escola de pensamento que relativiza o
papel das influências naturais sobre a sociedade com o argumento de que a
natureza oferece apenas um conjunto de possibilidades de transformação das
paisagens[1]. Seria na
verdade uma complementação, uma continuação da teoria de Ratzel e não uma
oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma simplista.
A Geografia Regional representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram
o espaço e o lugar. Os geógrafos regionais dedicaram-se à recolha de informação
descritiva sobre lugares, bem como aos métodos mais adequados para dividir a
Terra em regiões. As bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal
de La Blache eRichard
Hartshorne. Vale a pena lembrar que enquanto Vidal vê a região como
uma determinada paisagem, onde os gêneros de vida determinam a condição e a
homogeneidade de uma região, Hartshorne não utilizava o termo região: para ele
os espaços eram divididos em classes de área, nas quais os elementos mais
homogêneos determinariam cada classe e, assim, as descontinuidades destes
trariam as divisões das áreas. E este ficou conhecido como método regional.
A revolução quantitativa foi a
tentativa de a Geografia se redefinir como ciência, no renascer do interesse
pela ciência que se seguiu ao lançamento do Sputnik 1. Os
revolucionários quantitativos, frequentemente referidos como "cadetes
espaciais", declaravam que o propósito da Geografia era o de testar as
leis gerais do arranjo espacial dos fenômenos. Adotaram a filosofia do positivismo das ciências naturais e viraram-se para a Matemática - especialmente a Estatística - como um modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o
trabalho de campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica.
Neste caso, é bom lembrar que a
Geografia em seu início, com Humboldt, Ratzel, Ritter, La Blache, Hartshorne e
outros já utilizava métodos positivistas, e a mudança de paradigma que ocorreu
com a matematização do espaço foi a da inclusão da informática para a
quantificação dos dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos 1950 noBrasil.
Apesar de as perpectivas positivista e
pós-positivista permanecerem importantes em Geografia, a Geografia
Crítica ou Radical surgiu como uma crítica ao
positivismo. O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a Geografia
Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia, os
geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan)
debruçaram-se sobre o sentimento de, e da relação com, lugares. Mais influente
foi a Geografia Marxista que aplicou as teorias sociais de Karl Marx e dos seus seguidores aos fenómenos geográficos. David Harvey e Richard Peet são bem conhecidos
geógrafos marxistas. A Geografia feminista é, como o nome sugere, o uso de ideias do feminismo em contexto geográfico. A mais recente estirpe da Geografia Radical é a
geografia pós-modernista, que emprega as ideias do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas para explorar a construção social de
relações espaciais.
Quanto ao conhecimento geográfico no
Brasil, não se pode deixar de observar a grande importância e influência do
Geógrafo mais reconhecido do país (seguido de Aziz Ab'Saber) e seu
pioneirismo, não por profissão, mas por méritos, Milton Santos. Com
várias publicações, Milton Santos, tornou-se o pai da Geografia Crítica, a qual se define pelo objetivo de fazer da
geografia uma ciência social apta a formular uma crítica radical à sociedade
capitalista pelo estudo do espaço[2]. Isso é
importante, visto que a Geografia é uma ciência global e abrangente, e somente
o olhar geográfico aguçado consegue identificar determinados processos, sejam
naturais ou sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes estudos do
professor Jurandyr Ross, que
se dedicou a mapear, de forma bastante detalhada, o relevo brasileiro além das
inúmeras publicações do professor doutorJosé William Vesentini que se tornaram
referência no estudo da Geografia no Brasil.
Não podendo esquecer de geógrafos como Armen
Mamigonian, Manuel Correia de Andrade, Roberto Lobato Corrêa, Ruy Moreira, Armando Correa da Silva, Antonio Christofoletti,Ariovaldo Umbelino de Oliveira, entre outros de
outras épocas, não tão conhecidos como os que fizeram suas carreiras na Universidade de São Paulo.
Referências
1. ↑ Luis Lopes Diniz Filho. Fundamentos
epistemológicos da geografia. 1. ed. Curitiba: IBPEX, 2009 (Metodologia do
Ensino de História e Geografia, 6)
Fonte: wikipedia
0 comentários:
Postar um comentário